11 de dezembro de 2024

Dia Internacional das Montanhas





Desde 11 de dezembro de 2003 que se comemora o Dia Internacional das Montanhas, instituído pelas Nações Unidas.

A comemoração deste dia tem como fim a consciencialização do público acerca da importância das montanhas para a Vida, chamar a atenção para as oportunidades e constrangimentos existentes ao seu desenvolvimento e fomentar a criação de parcerias que permitam o desenvolvimento sustentável das montanhas e terras altas.


Fontes/Links:

https://www.reservasdabiosfera.pt/noticias/dia-internacional-das-montanhas/

https://www.fao.org/international-mountain-day/en/

https://www.un.org/en/observances/mountain-day

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6 de dezembro de 2024

explorações de ovinos e caprinos

 


De acordo com o Aviso de 4-12-2024 publicado pela Direção Geral de  de Alimentação e Veterinária (DGAV)

Durante o mês de janeiro de 2025, todos os operadores das explorações de ovinos e caprinos ficam obrigados a declarar os animais detidos por marca de exploração a 31 de dezembro de 2024.

A ausência de Declaração de Existências de ovinos e/ou caprinos detidos constitui uma contraordenação punível com uma coima cujo montante mínimo é de 100€.


Consulte também

o Manual de Boas Práticas em Ovinos e Caprinos

e o Manual de Bem-Estar Animal.


Data: 5-12-2024


Fontes/Links:

https://www.dgav.pt/wp-content/uploads/2024/11/Aviso-DEOC-Jan-2025.pdf

https://repositorio.ipv.pt/bitstream/10400.19/7561/1/MANUAL_DE_BOAS_PRA_TICAS_PEQUENOS_RUMINANTES_pdf.pdf

https://www.dgav.pt/destaques/noticias/declaracao-de-existencias-de-ovinos-e-caprinos-deoc-periodo-obrigatorio-de-janeiro-2025/

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2 de dezembro de 2024

mais uma espécie invasora asiática - a Vespa soror

 


Chama-se vespa-gigante-do-sul (Vespa soror) e é uma espécie invasora asiática, maior do que a vespa-asiática (Vespa velutina). Cientistas espanhóis alertaram este mês para a entrada desta espécie na Europa, mais concretamente nas Astúrias, a cerca de 300 quilómetros de Portugal. O ICNF diz já ter alertado a rede STOPVespa.


Nas últimas décadas, a globalização tem facilitado a introdução e distribuição de algumas espécies sociais de vespas em novas regiões e países. Segundo os autores de um artigo publicado a 9 de Novembro na revista científica Ecology and Evolution, isto deve-se, por exemplo, ao facto de as vespas rainhas fertilizadas passarem a parte do ano que lhes é meteorologicamente desfavorável escondidas em materiais ou contentores que os seres humanos depois transportam para outras regiões longe do lugar original destes insectos.


Outro ponto relevante para a introdução com sucesso destas vespas é o número reduzido de indivíduos necessários para que se possam estabelecer em novas áreas.


Todas as espécies do género Vespa são endémicas da Ásia, à excepção da vespa-europeia (Vespa crabro) e da Vespa orientalis, que existem na Europa e Norte de África. Na verdade, apenas a Vespa crabro era autóctone da Península Ibérica, mas na última década têm chegado outras espécies do mesmo género, como a Vespa velutina, a Vespa orientalis e a Vespa bicolor.


Agora chegou a vez de uma outra espécie, a vespa-gigante-do-sul (Vespa soror). Esta espécie, descrita em 1905, vive nas regiões quentes da Ásia, incluindo o Nordeste da Índia, Myanmar, Tailândia, Laos, Vietname e Sul da China.


Naquele artigo científico, os investigadores apresentam o primeiro registo europeu da vespa-gigante-do-sul, das Astúrias, no Norte de Espanha. Foram recolhidos quatro espécimes em Março de 2022 e em Outubro de 2023 em El Campo, Granda, Siero, nas Astúrias. Os espécimes foram apanhados numa armadilha para vespa-asiática.


Os primeiros registos de Vespa soror na Europa são confirmados por análises genéticas e morfológicas neste artigo científico.


A vespa-gigante-do-sul tem um padrão de cor que é comum a poucas espécies asiáticas do seu género e é totalmente único no contexto europeu. Ambos os sexos têm três cores: preto ou castanho escuro, castanho claro e amarelo. A cabeça, que é excepcionalmente grande, é quase toda amarela. Tanto as antenas como as patas são quase todos castanhos e as asas são amareladas.


Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a vespa-gigante-do-sul “é particularmente agressiva na defesa do ninho e na caça a outros insetos”. As obreiras podem pode atingir 35 mm. “Preda sobretudo insetos, desde abelhas a louva-deus, mas também lagartixas.”


“O ICNF já alertou a rede de interlocutores municipais da plataforma STOPVespa para a necessidade de deteção e reporte da ocorrência desta e de outras potenciais vespas invasoras: Vespa orientalis: de tamanho médio, um pouco maior do que a Vespa velutina mas mais pequena do que a nativa vespa-europeia Vespa crabro; Vespa bicolor: presente no sul de Espanha”, acrescentou numa nota.



Fontes/Links:

https://wilder.pt/historias/portugal-atento-a-chegada-de-vespa-asiatica-gigante-as-asturias

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ece3.70502

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4 de novembro de 2024

A Serra em pleno Outono!



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31 de outubro de 2024

O caminho das aldeias serranas

 


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26 de outubro de 2024

horário de inverno: 27 de outubro de 2024 às 02h00 mudamos o relógio para 01h00




Na madrugada de domingo, a hora legal muda do regime de verão para o regime de inverno.

horário de inverno: 27 de outubro de 2024 às 02h00 mudamos o relógio para 01h00.

Ou seja, na próxima segunda-feira, quem se levantar cedo vai passar a acordar ainda de noite e, ao final do dia, escurece mais cedo. 



Fontes/Links:

https://observador.pt/2024/10/25/relogios-atrasam-uma-hora-na-madrugada-de-domingo/

https://www.calendarr.com/portugal/mudanca-de-hora-em-portugal/

https://www.tempo.pt/noticias/actualidade/mudanca-de-horario-de-inverno-2024-em-que-dia-muda-a-hora.html

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22 de outubro de 2024

Quase metade do mel no mercado é falsificado

 

A Comissão Europeia anunciou recentemente que quase 50% do mel presente no mercado europeu é fraudulento. Os apicultores europeus consideram estes dados bastante preocupantes e apelam aos decisores políticos que produzam legislação adequada no sentido de regulamentar o mercado do mel.


Por iniciativa da Eslovénia, a Comissão Europeia alterou recentemente a Diretiva Mel, pelo que em breve todo o mel comercializado na União Europeia indicará claramente em que país (ou países) foi produzido. Além disso, a Comissão estabeleceu o objetivo de definir um método harmonizado para a determinação da autenticidade do mel, ao mesmo tempo que serão definidos os laboratórios de referência para essas análises. Este processo deverá estar terminado no prazo de três anos, o que, infelizmente, para os apicultores europeus é demasiado tempo.


De facto, os mais recentes dados, demostram que o mel fraudulento continua presente no mercado. A EPBA – Associação Europeia de Apicultores Profissionais divulgou recentemente os resultados de um estudo por si promovido, onde se concluiu que, na Alemanha, 80% do mel presente no mercado é fraudulento. Suspeita-se que a fraude no mel seja feita com xaropes de origem vegetal (arroz ou milho, por exemplo), num processo altamente sofisticado e recorrendo a tecnologia avançada, que dificulta bastante a sua deteção. O mel fraudulento entra no mercado europeu a um preço baixíssimo, inferior em cerca de 75% do preço do mel pago ao produtor.


O setor apícola não sobreviverá a este tipo de concorrência desleal. Os apicultores europeus estão a perder rendimento ano após ano, e as situações de abandono da atividade são já uma realidade. Não é apenas o setor apícola que está ameaçado, uma vez que muita da produção agrícola europeia depende da polinização feita pelas abelhas melíferas.


Em face deste cenário no mercado do mel, a EBA considera que é chegada a hora dos decisores políticos europeus adotarem medidas rigorosas contra a presença de mel falsificado no mercado europeu, estabelecendo de imediato protocolos de metodologia analítica de deteção de falsificações, estabelecendo quais são laboratórios de referência a nível europeu para a realização destas análises de autenticidade, e garantindo que se adote, em todo o espaço europeu, um sistema de monitorização dos mercados que garanta o controlo e a rastreabilidade do mel importado.


Para a EBA é também evidente que a informação que consumidores detém acerca deste assunto é crucial para que este problema possa ser ultrapassado. E por isso, este apelo é também dirigido aos consumidores de mel europeus: “Prefiram mel e produtos apícolas de origem europeia, de preferência produzidos no próprio país!”


A Associação Europeia de Apicultura EBA apela à união de esforços de todos os apicultores e suas organizações. Infelizmente, não haverá sucesso sem cooperação e atuação conjunta.


A Associação Europeia de Apicultura EBA está aberta à cooperação com todos, o nosso único objetivo é a proteção dos apicultores e dos consumidores!


Boštjan Noč

Presidente da EBA


A EBA – Associação Europeia de Apicultura, foi fundada a 10 de fevereiro de 2024, contando atualmente com 41 organizações associadas representando mais de 350.000 apicultores de 26 países europeus. Os objetivos da EBA são valorizar o mercado do mel e dos produtos apícolas europeus e contribuir para o reconhecimento do papel da apicultura e dos apicultores europeus para a sustentabilidade ambiental. A FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal é associada da EBA em representação dos apicultores portugueses.


Sobre o setor apícola europeu


A produção de mel é considerada um exemplo de “emprego verde” pela União Europeia, na medida em que é uma atividade económica capaz de explorar recursos silvestres, preservando-os e contribuindo de forma positiva para a sua manutenção e renovação. Existem na Europa mais de 20 milhões de colmeias detidas por mais de 700.000 apicultores. A produção europeia de mel atingiu em 2022 as 11.465 Toneladas, sendo o mercado europeu de mel o maior a nível mundial, consumindo 25 % da produção de mel e atingindo um volume de negócios de € 1.800 milhões. O serviço de polinização (agrícola, florestal e ambiental) proporcionado pela apicultura europeia ultrapassa os € 10.000 milhões.


A EBA acredita que está na altura de os decisores políticos europeus adoptarem "medidas rigorosas contra a presença de mel falsificado no mercado europeu", estabelecendo protocolos de detecção de falsificações, escolhendo quais são os "laboratórios de referência para a realização destas análises" e garantindo que se adopte, em todo o espaço europeu, um "sistema de monitorização dos mercados que garanta o controlo e a rastreabilidade do mel importado".


A Federação Nacional dos Apicultores de Portugal uniu-se ao apelo lançado pela EBA que num comunicado traduzido em 15 línguas alerta para os riscos de consumo de mel falsificado e impacto no setor agrícola.


A Federação Nacional dos Apicultores de Portugal aderiu à EBA no passado dia 4 de outubro, conforme confirmado por esta última entidade.


Data: 17-10-2024



Fontes/Links:

https://ebaeurope.eu/beekeeping-cannot-survive/

https://executivedigest.sapo.pt/noticias/quase-metade-do-mel-a-venda-no-mercado-europeu-e-falso-alertam-associacoes/

https://www.publico.pt/2024/10/17/azul/noticia/quase-metade-mel-mercado-europeu-falsificado-alerta-associacao-2108300

https://www.jn.pt/2426136073/quase-metade-do-mel-no-mercado-e-falsificado/

https://ebaeurope.eu/confirmation-of-the-eba-statute-from-portugal-2/

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16 de outubro de 2024

Plante uma Árvore!



A melhor altura para plantar árvores é no início do outono, entre finais de setembro e o início de outubro. As plantas lenhosas caducifólias já perderam a folhagem e não evaporam água. Isto dá-lhes força e tempo suficientes para criarem raízes antes do início do inverno.


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13 de outubro de 2024

Notícias da Vila...




Município da Lousã recebe Contentor Florestal




Destina-se ao depósito de sobrantes resultantes da atividade agrícola, como podas, limpeza de terrenos e manutenção de jardins

publicado a 10 de outubro de 2024


O Concelho da Lousã dispõe de um contentor destinado ao depósito de sobrantes resultantes da atividade agrícola, como podas, limpeza de terrenos e manutenção de jardins.


Este Contentor está instalado no Ecocentro Municipal na Zona Empresarial do Alto Padrão e está disponível ao munícipe, onde poderá depositar os seus resíduos vegetais gratuitamente, no horário de funcionamento deste Ecocentro, de terça a sexta das 09h30-12h30 | 14h00-18h00 e aos sábados das  9h00-12h30 | 14h00-17h30.


A instalação deste contentor florestal insere-se   na Rede intermunicipal de Contentores florestais que integra a Agenda transForm financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e visa desencadear uma transformação estrutural do setor florestal português, intervindo de forma concertada em toda a cadeia de valor.


Com a instalação deste contentor procurar-se-á otimizar a gestão de sobrantes agrícolas e florestais no âmbito da economia circular, através nomeadamente, do aproveitamento energético enquanto solução alternativa de valorização, potenciando a redução, ou até a eliminação da prática de queimas e queimadas, que muitas vezes se transformam em grandes incêndios rurais.



Para mais informações poderá contactar a Câmara Municipal da Lousã, o número verde 800 202 203, bem como o site https://www.cim-regiaodecoimbra.pt/cim-rc/projeto-rede-parques-biomassa-projeto-transform/ , através do qual poderá ter conhecimento da localização dos contentores.


Ou seja, se um cidadão dispõe de um terreno rústico na Aldeia do Vaqueirinho, e tem sobrantes agrícolas e florestais apenas tem de os transportar para o contentor disponível no Ecocentro Municipal na Zona Empresarial do Alto Padrão... a 18 quilómetros de distância! 





Fontes/Links:

https://www.cim-regiaodecoimbra.pt/cim-rc/projeto-rede-parques-biomassa-projeto-transform/

https://cm-lousa.pt/lousa-recebe-contentor-florestal/

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9 de outubro de 2024

Incêndios florestais em Portugal: que futuro?




A 27 de setembro de 2024, a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) divulgou um artigo da autoria de António Bento-Gonçalves,  diretor do Departamento de Geografia da Universidade do Minho, com o título Incêndios florestais em Portugal: que futuro?


Porque é que o país continua a arder ano após ano? O geógrafo António Bento-Gonçalves faz uma radiografia do problema e dá soluções para a prevenção e combate aos fogos florestais em Portugal, que todos os anos parecem ser uma inevitabilidade.


Incêndios florestais - Uma realidade global, com particular expressão em Portugal


Todos os anos são registados cerca de 2 milhões de incêndios florestais em todo o mundo, que queimam aproximadamente 3% da superfície terrestre.


No entanto, a maior percentagem da área queimada é causada por menos de 1% do total dos incêndios. São os chamados grandes (mega, giga, extremos, …) incêndios, que ocorrem frequentemente em condições meteorológicas extremas e apresentam caraterísticas extremas de comportamento do fogo, o que os torna muito intensos, rápidos, destruidores e resistentes à extinção.


As mudanças globais, numa época que vários autores apelidam de Antropoceno, com todas as alterações na população (número, dinâmicas, estrutura, …), bem como o aquecimento induzido pelos gases com efeito de estufa e as alterações no ciclo hidrológico, entre outras, têm contribuído para aumentar a frequência, dimensão e capacidade destruidora dos grandes incêndios florestais.


Portugal não só não é exceção, como tem sido um dos protagonistas desta realidade. Só no século XXI, o país destacou-se, pela negativa, nos anos de 2003, 2005, 2017 e 2024.


Com efeito, o nosso país sempre esteve e sempre estará sujeito a eventos «naturais» extremos, potencialmente causadores de vítimas e de elevados prejuízos (ambientais, económicos e sociais), especialmente no atual contexto de desregulação climática, advertindo o Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território (Lei nº 99/2019 de 5 de setembro) para a necessidade do país ter que «estar mais preparado para eventos extremos, onde os riscos poderão ser acrescidos e onerosos … quer em áreas urbanas quer rurais».


Espaços florestais em Portugal: desordenados e sem gestão


Foi na década de 1960 – quando as arborizações efetuadas no âmbito do Plano de Povoamento Florestal, tinham atingido ou estavam próximas de atingir a idade adulta, quando a Guerra Colonial e a intensa emigração originaram o despovoamento do interior de Portugal, e, com a redução dos recursos humanos e financeiros afetos ao sistema agroflorestal – que houve um profundo desinvestimento nos espaços silvestres acompanhado de um absentismo dos proprietários na gestão dos seus povoamentos florestais. Tudo isto abriu caminho para que as indústrias de celulose, comprando espaços e dinamizando o setor privado da prestação de serviços de arborização, facilmente seduzissem os proprietários privados com uma alternativa de rápida capitalização da terra.


A partir de 1981, no âmbito da criação de diversos fundos e programas, o Projeto Florestal Português/Banco Mundial, promoveu a plantação de eucalipto em larga escala e em ritmo mais intenso. A este seguiram-se diversos programas, com apoio da Comunidade Económica Europeia (CEE), para a arborização, rearborização e reconversão em floresta de terras agrícolas ou matos , que a partir de 1986 foram sendo implementados no nosso país, com destaque para o Programa de Ação Florestal.


Estas circunstâncias  – aliadas às caraterísticas geográficas de Portugal (clima, relevo, solos, …), onde o mundo rural sofreu uma profunda e rápida desestruturação – foram cruciais para o aparecimento de extensas manchas de monoculturas, sem compartimentação e, principalmente, sem ordenamento ou gestão.


Tudo isto, como refere Stephen J. Pine, mostra que «mesmo triplicando o equipamento de combate a incêndios, já não se consegue parar o fogo, porque perdemos o controlo sobre a paisagem».


Os incêndios florestais em Portugal têm solução?


Portugal sempre teve (as evidencias mais antigas têm idade entre os 11 300 e os 11 400 anos a.p.) e sempre terá incêndios florestais. Conscientes disso, muito há a fazer para reduzir o número de ignições e, principalmente, as extensas áreas ardidas e todos os dramas a elas associados.


Antes de mais, tem de se ir à raiz dos múltiplos e variados problemas, evitando as habituais explicações fáceis, como os «incendiários», os «madeireiros», os «pastores», as «mudanças climáticas», que, não devendo ser negligenciados, muitas vezes são uma desculpa para nada ser feito, ou para apenas vislumbramos a «espuma» dos problemas.


Assim, sem sermos minimamente exaustivos, nem tocar em todas as questões, deixamos aqui algumas sugestões:


Prevenção:


Ignições criminosas (aqui entendidas como aquelas que resultam da vontade objetiva de causar um incêndio florestal): realizar uma profunda reflexão sobre a legislação e os recursos disponíveis, para que as autoridades possam melhorar os processos de identificação, não apenas de quem coloca o fogo, mas também, e principalmente, das eventuais «mãos por detrás do arbusto» (quem ordena a queima).

Ignições negligentes: criar e implementar um (verdadeiro) programa nacional de educação para o risco de incêndio florestal, preparado, implementado e monitorizado por especialistas em educação, psicologia, sociologia, geografia, engenharia florestal, … É igualmente imperioso incentivar, promover e reforçar o programa nacional de fogo controlado, para que se possa, efetivamente, suprir as necessidades do mundo rural em termos de renovação de pastos.

Cadastro simplificado: criar novos incentivos que permitam acelerar o processo de cadastro, para que se possa conhecer as propriedades e os proprietários dos «11.515.368 prédios rústicos no país. (valor que consta no relatório do Grupo de trabalho para a propriedade rústica, 2022).

  Heranças indivisas: legislar no sentido de agilizar a resolução dos conflitos dos «3.403.148 prédios rústicos em heranças indivisas».

Gestão florestal: criar mecanismos financeiros para premiar os proprietários que procedam à gestão dos seus povoamentos florestais, premiando, igualmente, os serviços ecossistémicos.

  Competitividade da floresta: criar estratégias e mecanismos financeiros que contrariem a perda de competitividade da floresta em Portugal e potenciem a sua gestão sustentável. Esta gestão tem custos muito elevados, no entanto, justificados pelo elevado risco de incêndio a que estão sujeitas e pela importância social e económica dos bens e serviços fornecidos.

Área de descontinuidade de combustível: criar mecanismos financeiros e condições técnicas para a criação de faixas de descontinuidade de combustível (diferente das pouco eficazes faixas de gestão de combustíveis) e para a compensação financeira dos proprietários dos terrenos afetados.

 Valorização de biomassa: monitorizar e avaliar o real impacte das centrais de valorização de biomassa na redução e gestão dos combustíveis, na erosão dos solos e na ocorrência e propagação dos incêndios.

 Qualificação profissional: criar e oferecer microcredenciações.

Certificação de vendas: promover, juntamente com as Associações de produtores florestais, certificação do material lenhoso vendido.


É preciso criar novos incentivos para acelerar o processo de cadastro simplificado, de forma a conhecer as propriedades e os proprietários dos «11.515.368 prédios rústicos» no país.


Combate

Proceder a uma profunda reflexão, serena e sem demagogias, envolvendo os diferentes atores, que aborde alguns dos temas «tabus», como a profissionalização dos bombeiros, os meios aéreos, a organização da  Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) em sub-regiões, a incorporação do conhecimento nas decisões operacionais, a importância do patamar local na Proteção Civil, a criação de uma escola superior de bombeiros, …


Pós-incêndio

Criar planos municipais pós-incêndios, que permitam implementar muito rapidamente, não só as medidas de reabilitação e de restauro, mas principalmente as medidas de estabilização de emergência, que visam controlar a erosão em áreas percorridas por incêndios. Soluções como, por exemplo, espalhar palha nas áreas ardidas mais declivosas, construir barreiras de troncos (muitas vezes com as próprias árvores queimadas) ou ramos ao longo das curvas de nível ou barragens de retenção nas linhas de água, … . Estas medidas visam, não só proteger as povoações, casas isoladas ou infraestruturas antrópicas que se situam a jusante das áreas ardidas, mas também, reter o solo nas áreas montanhosas.


Com este pequeno texto ficaram muitas áreas por abordar, ou apenas o foram muito superficialmente. No entanto, no atual contexto de mudanças climáticas e num país sem grande cultura de autoproteção, onde, ao contrário da sabedoria popular, se continua a remediar em vez de prevenir, é imprescindível refletir e promover discussões que permitam reduzir as múltiplas e variadas vulnerabilidades da floresta em Portugal.



Fontes/Links:

https://ffms.pt/pt-pt/atualmentes/incendios-florestais-em-portugal-que-futuro

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