Capreolus capreolus (Linnaeus, 1758)
Corço
Outros Nomes Comuns: corça
Animalia > Chordata > Mammalia > Artiodactyla > Cervidae > Capreolus
Avistamentos: sim, frequentes (nas imediações da Aldeia).
Data: 3-09-2023
Atualização: 8-04-2024
O CORÇO
O Corço existiu um pouco por todo o país.
A sua presença histórica resultou num vasto legado onde se incluem diversas lendas (da fundação de Santarém a capelas por Braga ou Idanha), iconografia (como a famosa taça islâmica de Mértola), osteologia (em Condeixa, Santarém ou Silves), abundante toponímia (Corço, Corçães, Vale da Corça, etc) ou várias fontes escritas (Forais, Inquirições, grandes caçadas, Corografias...).
[o mapa da DH resulta de uma compilação que fiz destas diversas referências até ao séc XIX]
Foi, não obstante, à imagem de outra bicharada, encolhendo com passar dos séculos.
E se já no séc. XIX ainda era possível encontrá-lo pontualmente de norte a sul - na Serra Algarvia ou nos Xistos Centrais, em algumas zonas do Alentejo ou na Serra de Aire - com o pico populacional da 2a metade desse século à da 1a metade do séc XX ficou reduzido às Serras do extremo NW do país.
[A rosa no mapa. Peneda-Gerês e Marão; precoce recolonização em Trás-os-Montes - anos 50/60]
Ora em meados do séc XX, por cá como por toda a Europa, uma profunda mudança socioeconómica tudo mudou, com o abandono de vastas áreas antes exploradas para produzir comida (áreas agrícolas e pastoris) e consequentemente temos assistido nas últimas décadas a uma progressão - como há séculos não se via - dos sistemas naturais!
Como assistimos um pouco por todo o continente europeu, estes espaços esvaziados de gente, têm sido recolonizados pela bicharada. Espécies ainda há pouco consideradas das mais ameaçadas do mundo, como o Bisonte-europeu ou o Castor-europeu vão descendo nas listas vermelhas. Temos visto que, como seria expectável, primeiro vêm os herbívoros e os carnívoros "seguem-nos", pelo que Lobos, Ursos ou Linces também vão progredindo pelo velho continente...
Por cá, nos anos 60, até o Javali estava na lista de espécies em perigo. Veados e Gamos estavam extintos na natureza (subsistiram nalgumas propriedades muradas) e a Cabra do Gerês estava extinta. O Corço, como vimos, era uma raridade das montanhas do Norte. Uma singularidade que levou mesmo à sua adopção como símbolo do nosso primeiro e único Parque Nacional, a Peneda-Gerês.
A partir dessa altura todas elas tiveram uma recuperação notável: o raro Javali existe hoje praticamente em todo o país; Veados e (menos) Gamos são também hoje comuns em vastas áreas;
e a Cabra regressou ao Parque Nacional (convenhamos que hoje até seria um símbolo muito mais ajustado).
A continuarmos assim, seguindo as tendências europeias, seguir-se-ão os carnívoros (e diga-se que o Urso recuperou em Espanha e até já nos visita, ao passo que o Lobo e o Lince estão hoje numa situação menos aflitiva).
O Corço não foi exceção.
Hoje é uma espécie bem distribuída não só pelo Norte, como por grande parte da região Centro, assim como por algumas zonas do Alentejo.
[no mapa, a azul, a partir de Daniela Salazar, Naturdata e Atlas de Mamíferos... Não incluí alguns registos mais duvidosos, mas o mapa não espelha o que será já uma distribuição mais alargada.]
O que está aqui escrito, podia perfeitamente servir para o que se tem assistido na vizinha Espanha.
[mapa - de onde vem a escolha das cores - no canto inferior direito]
in
Facebook - João Adrião (6-04-2024)
Fontes/Links:
https://naturdata.com/especie/Capreolus-capreolus/6572/0/
https://www.biodiversity4all.org/taxa/42184-Capreolus-capreolus
https://livrovermelhodosmamiferos.pt/especies-do-livro-vermelho-curiosidades-sobre-o-corco/
https://www.portugalnummapa.com/corca/
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