Recordamos aqui a reportagem feita pela RTP em 2007...
... que permanece atual, apesar dos 15 anos volvidos e que continua a ser uma vulnerabilidade relevante para este Território.
Reveja e visualize no Link abaixo reproduzido
Pequenas
povoações com casas revestidas a xisto, perderam quase todos os seus habitantes
na segunda metade do século XX. Os que resistiram, atravessaram em solidão os
dias na montanha. O tempo parou. Até outros chegarem e redescobrirem a vida no
interior.
Estamos no interior da região centro do país,
em território serrano, onde a paisagem das encostas é salpicada por manchas de
casarios erguidos em xisto, verdadeiros monumentos de uma arquitetura popular
ancestral. Só na serra da Lousã contam-se 12 povoações, algumas construídas em
socalcos, reservando a escassa planura dos solos à agricultura.
Por aqui, como em tantas outras aldeias do
país, a vida era áspera e limitada à imperiosa necessidade da subsistência. O
que se tirava da terra vendia-se também nas feiras, mas não bastava para matar
frio e fome. Na década de setenta, os habitantes que chegaram a ser às
centenas, começaram a sonhar a possibilidade de outros confortos, para eles e
para os filhos. Aos poucos foram partindo, uns para o estrangeiro, outros
migraram para terras do litoral, onde o trabalho tem salário, onde há escolas,
hospitais, onde existe um futuro diferente. As aldeias esvaziaram-se de gentes,
ficaram as casas à espera de ser ruína.
Anos passaram e mais foram passando, a solidão
tomou conta dos lugares, como a tia Helena, nascida e criada no Talasnal,
recorda na reportagem da RTP. Até que os antigos caminhos voltaram a ser
trilhados por quem os soube ver e valorizar.
Num decidido combate à desertificação, nasceu
no ano 2000 um plano financiado pela União Europeia para requalificar este
património histórico e cultural. Recuperaram-se casas, preservando o traçado
original, renovaram-se artes e ofícios tradicionais como a tecelagem,
fizeram-se hortas biológicas. As aldeias renasceram com o turismo mas também
com portugueses e estrangeiros cansados da confusão das cidades e que ali
decidiram viver o ano inteiro. Como a alemã Kerstin Thomas, residente da
Cerdeira há mais de 25 anos, a artista plástica responsável pela iniciativa
anual de arte contemporânea “Elementos à Solta”, encontrou ali uma terra
genuína, ideal para criar dois filhos.
São estas novas gentes que aquecem a terra da
tia Helena, com cheiros a lenha e a pão a sair das chaminés das casas
habitadas. É tempo de visitarmos duas destas aldeias do xisto, património
cultural e arquitetónico, lugares com memória e tradição que sublinham e
projetam a identidade portuguesa.
Link:
https://ensina.rtp.pt/artigo/aldeias-do-xisto-combater-a-desertificacao-na-serra-da-lousa/
FICHA TÉCNICA
TÍTULO: Em Reportagem - " O Regresso à
Serra"
TIPOLOGIA: Reportagem
AUTORIA: Jorge Almeida
PRODUÇÃO: RTP
ANO: 2007
Fonte:
***