“Indústria de pellets está a levar a declínio insustentável do pinheiro-bravo em Portugal”, acusa ZERO
26-02-2024
O Barómetro Anual sobre Indústria dos Pellets 2023/24 em Portugal, elaborado pela ZERO, apresenta dados preocupantes ao nível da utilização de troncos de árvores que continuam a colocar em causa a sustentabilidade na utilização de madeira na indústria para a produção de produtos de maior valor acrescentado.
Em 2022, foram produzidas cerca de 750 mil toneladas de pellets de madeira, valor que em comparação com o ano de 2011 corresponde a uma redução de 11,8%, refletindo uma tendência observada em toda a União Europeia. Esta diminuição deve-se à queda da procura dos sectores da energia industrial e do aquecimento doméstico, em resultado dos fortes aumentos de preços associados à guerra na Ucrânia, sendo que a concorrência por matérias-primas escassas em Portugal, em particular pela rolaria de pinho, também é um fator a ter em consideração. A produção de pellets em Portugal em 2022 exigiu cerca de 1,4 milhões de toneladas de madeira, sendo que esta indústria continua a ser o segundo maior consumidor de pinho, representando 20% do consumo total.
Os operadores de fábricas de pellets de madeira afirmam que apenas utilizam biomassa residual na sua produção, referindo, por exemplo, que a indústria “não tem impacto ambiental… e apoia a gestão florestal, ao consumir sobretudo produtos oriundos da limpeza florestal e desperdícios da indústria de madeiras”. Contudo, as fichas técnicas das fábricas de pellets constantes deste Barómetro Anual mostram que grandes volumes de rolaria e troncos de árvores inteiras estão a ser ou foram recentemente utilizados em todas as grandes fábricas de pellets do Centro de Portugal.
Em Portugal, existem seis fábricas de pellets, com uma capacidade de produção unitária superior a 100 mil toneladas por ano, o que corresponde a uma capacidade total instalada superior a 760 mil toneladas anuais.
Esta indústria é um dos motores do “aumento alarmante das extrações em área florestal” observado recentemente em Portugal e, portanto, “um fator que contribui para o declínio dramático observado nos povoamentos de pinhal nas últimas décadas, uma vez que o pinheiro-bravo é a principal espécie usada pelos produtores e a maior parte da matéria-prima provém de operações florestais”, com as fontes secundárias de matéria-prima, como os “subprodutos de serração” (serrim, estilha e costaneira), a constituírem uma pequena fração, ou seja, cerca de 25%.
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Fontes/Links:
https://www.joaolenha.pt/pellets.htm
https://pinewells.com/pt/o-produto
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