Ontem, no dia da sua festa, a Capela do Catarredor voltou a encher-se de vida. Celebrou-se a missa e, com ela, nasceu oficialmente a Comissão da Capela de Nossa Senhora das Preces — símbolo da unidade do Catarredor, Candal e Vaqueirinho, evocada na chamada trilogia de Paulo Monteiro relativa às esferas de sociabilização nas aldeias serranas da Serra da Lousã.
A história da capela é feita de fé, de encontros e também de desencontros. A Associação do Casal de Catarredor chegou a desenhar um projeto de requalificação, apoiado pela DUECEIRA, que poderia ter dado nova vida ao espaço, mas a oportunidade perdeu-se em adversidades entre os povos que a ela prestam culto, já noticiadas. Ainda assim, permanece a força da memória e a certeza de que este lugar continua a ser um farol da identidade serrana.
Efetivamente, não foi possível concretizar todas as obras sonhadas, mas ficaram sementes de cuidado: a conservação e o restauro da imagem de Nossa Senhora das Preces e do painel alusivo à Última Ceia, este último oferecido com devoção por uma mordoma e associada da ACC. O trabalho foi executado pelo reconhecido pintor lousanense José Eliseu, que mantém uma tradição familiar secular de conservação e restauro de obras de arte.
Por curiosidade, importa referir que à Nossa Senhora das Preces, o povo sempre lhe chamou também a “Senhora das Pressas” — como lembrava o etnógrafo Lousã Henriques — nome que carrega a urgência das aflições e a confiança de quem, geração após geração, sobe à serra em busca de amparo.
Hoje, mais do que nunca, esta capela é sinal de unidade e de identidade serrana, guardando memórias, fé e a esperança de quem acredita que, mesmo entre pedras antigas, é possível renovar o caminho.
E se a capela guarda a alma das gentes, guarda também um tesouro raro que também foi restaurado: o antigo Missale Romanum, cuja história abordaremos na próxima publicação.
Data: 31-08-2025
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