28 de Abril de 2022
Eduardo está sentado num pequeno muro
e ao longe ouvem-se os trabalhos das máquinas pesadas que andam a fazer um anel
de segurança, com caminhos florestais que permitam a circulação dos bombeiros à
volta daquela aldeia. Os trabalhos inserem-se no projecto Condomínio de
Aldeia, lançado pelo Governo, que procura tornar localidades com grande
risco de incêndio mais resilientes e preparadas para o caso de o fogo surgir.
“É muito importante estar protegido.
Ainda há uns tempos tinha dito: ‘Deus nos livre que um incêndio pegue um dia
destes por estes lados’. Agora já podemos estar mais descansados”, comentou
Eduardo, um dos 20 a 30 habitantes que moram naquela aldeia, situada a cinco
minutos de Penacova, mas que tem apenas um acesso, pelo meio de uma
encosta repleta de eucaliptos.
Eduardo Santana notou que, caso viesse
um fogo para aquelas bandas, os bombeiros teriam ainda” a surpresa” de terem as
bocas de incêndio sem funcionar e que agora ficarão arranjadas. “Isto dá outra
segurança”, frisou.
Os trabalhos naquela aldeia começaram
em Fevereiro e deverão estar concluídos bem antes da data-limite (Dezembro),
explicou Tânia Antunes, técnica superior da Associação Desenvolvimento Regional
Da Serra Do Açor (ADESA), que colabora com a Câmara de Penacova na execução
deste projecto.
Para além de um anel de segurança em
torno da aldeia, com acessos florestais, e da recuperação das bocas de
incêndio, o projecto prevê ainda o corte de infestantes e outras árvores, como
os eucaliptos, nos 100 metros em redor da localidade, com a autarquia a ceder
depois os meios para o arranque dos cepos.
No seu lugar, serão plantadas árvores
autóctones mais resistentes à passagem do fogo. Também será criado um parque de
resíduos agro-florestais, com um bio triturador que permite evitar queimadas e
cria estilhaços que poderão fazer as vezes do estrume nas terras cultivadas da
aldeia, salientou Tânia Antunes, apontando ainda para a criação de um ‘kit’ de
ataque inicial às chamas.
A última etapa do projecto será a
formação da população para o uso desse ‘kit’ e do parque de resíduos. “A aldeia
do Chainho, pela encosta onde se situa, tem um elevado risco de incêndio, com
uma mancha florestal muito grande, sobretudo eucalipto”, notou o presidente da
Câmara de Penacova, Álvaro Coimbra, sublinhando que a intervenção vai tornar a
localidade mais resiliente em contexto de incêndio.
Para a segunda fase do Condomínio de
Aldeia, cujo prazo de candidaturas terminou no dia 15, a Câmara de
Penacova candidatou mais duas localidades – Belfeiro e a vila do Lorvão.
“Este novo executivo entrou em funções
e uma das medidas prioritárias é aumentar a protecção destes aglomerados, que
vivem rodeados de mancha florestal. Estamos também a avançar com o programa
‘Aldeias Seguras, Pessoas Seguras’, que não existia no concelho”, frisou Álvaro
Coimbra, apontando ainda para um trabalho nos últimos anos na rede viária
florestal, que já permite aos bombeiros, em caso de incêndio, “entrarem em
vários pontos do território”.
Sobre o futuro, o autarca admitiu que
o trabalho em torno da floresta “é muito complicado” e a transformação do panorama
da floresta no concelho é algo que demorará “anos ou décadas”.
Fonte:
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