Um festival no fim do Mundo


A 670 metros de altitude, em plena serra da Lousã, existe o mais singular festival. 

Numa altura em que os mega-festivais de rock rompem pelo país, na "perdida"aldeia do Catarredor, onde em 1985 viviam 69 pessoas e em 1991 apenas cinco, floresce um festival alternativo. Feito por uma "tribo" de gente colorida, que virou as costas ao ruído urbano, por troca com o deslumbrar da Natureza, em aldeias onde o tempo há muito parou.

Entre ruínas, surge o trabalho de recuperação dos novos habitantes, vindos dos quatro cantos da Europa.

Os primeiros chegaram na década de 70 e, rapidamente, a notícia espalhou-se os hippies tinham chegado à Serra da Lousã. Hoje, os antigos e novos residentes, riem-se e encolhem os ombros quando perguntamos: ainda há hip-pies hoje? No Catarredor e no Vaqueirinho - onde existe um bar com um nome bem sugestivo: "O fim do mundo" - o tempo, afinal, nem parou, antes parece avançar para uma civilização diferente, de reais contornos alternativos.

Um mundo que virou uma grande festa durante os três dias de festival. Na eira comunitária montou-se um tosco palco - "a Câmara da Lousã não nos apoiou" - explica Nuno, um jovem de longos "dread locks", que trocou S. Tirso pelo "paraíso". Mas o tosco palco aguentou bem, bem mais do que seria lícito esperar, as fortes investidas dos dois grupos punk, que abriram o festival - Time Bomb e Preachy Boys.

Depois, pelos belos caminhos da aldeia, se de uma janela saía a guitarra de Jimi Hendrix, ou a voz de Eric Burdon, mais abaixo eram os blues que choravam, ou o jazz que exaltava os sentidos. Um original "chill out" que durou até o sol ir bem alto. Praticamente, até os Imagem Censurada subirem ao palco, com o reggae a embalar a nuvem de fumo que exalava do público. Sons e batidas à jamaicana, com o dub a dar as ordens numa noite cheia de gente.

Em contraste com os poucos habitantes, os visitantes são cada vez mais durante o festival. O Catarredor, que já serviu de cenário e argumento para filmes e para teses de doutoramento, afirmou a diferença, com um festival gratuito, de ambiente alternativo.


 artigo do JN datado de 12 julho, 2005


Fontes/Links:

https://www.jn.pt/arquivo/2005/amp/um-festival-no-fim-do-mundo-503105.html/

ΦΦΦ

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