1 de outubro de 2025

na Serra da Lousã, o ICNF apronta mais uma...




De acordo com a informação veiculada, ontem,  pela MILVOZ, o ICNF está a aprontar mais uma...


Controlo de invasoras? NÃO. Contenção dos solos? NÃO. Cortar o que resistiu ao fogo? SIM.

Leu bem. O ICNF prepara-se para, um mês após a passagem das chamas, cortar o que ardeu e o que não ardeu. 

A Milvoz, em trabalhos de prospeção e caracterização da área ardida na Serra da Lousã, deparou-se com uma extensa mancha florestal recentemente marcada para abate. Um bosque de coníferas na vertente norte da serra, composto por pinheiro-negro e pinheiro-silvestre, foi afetado pelas chamas com graus de severidade muito variáveis: desde áreas onde o incêndio não deixou uma agulha, até zonas consideráveis onde houve apenas fogo de chão, poupando as árvores individualmente e o povoamento estruturalmente. 

É neste contexto que a Milvoz constatou a marcação indiscriminada de todas as árvores para abate, à escala de centenas, independentemente de terem sido mais ou menos afetadas pelas chamas. A marcação efetuada sugeria a iminência de um corte raso, numa encosta de grande extensão e declive acentuado. 

Face a este cenário, a Milvoz encetou contactos no sentido de esclarecer o âmbito da intervenção, podendo confirmar, junto do ICNF, o cenário que se receava. Em conversa telefónica com a engenheira responsável pela intervenção, foi referido que teriam de se despachar a cortar tudo "para o preço da madeira não desvalorizar". Questionada sobre a ausência de critério sobre as árvores não afetadas ou pouco fustigadas pelo fogo, refugiou-se alegando que futuramente viriam a ser afetadas por pragas (ora pois, pensámos nós ironicamente, nada como resolver logo o problema pela raiz!). 

O bosque em causa, com valores ecológicos e paisagísticos que não podem ser desprezíveis e integrado em plena área classificada ao abrigo da Rede Natura 2000, é o resultado de arborizações pelos antigos serviços florestais, constituindo um pinhal maduro com árvores com mais de meio século de existência. Após uma gigantesca perda ecológica na Serra da Lousã com o incêndio do passado mês de agosto, o posicionamento e prioridades do ICNF focam-se em tirar partido da situação para extrair o mais que podem, madeira ardida e não ardida, subtraindo porções consideráveis de bosque que superaram o fogo. 

A área em causa foi severamente afetada pelo incêndio, pelo que as manchas de floresta sobreviventes desempenham um papel fundamental no refúgio da fauna que escapou às chamas, mesmo tratando-se de arborizações de coníferas não tão biodiversas quanto os bosques nativos espontâneos. Este caso demonstra claramente a prioridade do ICNF: retirar o máximo do rendimento da floresta, sem qualquer consideração sobre o contexto ou estado de conservação das zonas onde se insere. É este o exemplo que a entidade responsável pela conservação da natureza em Portugal dá aos demais proprietários?

A intervenção perspetivada, não só fragilizará ainda mais os solos, acentuando os fenómenos erosivos, bem como abrirá portas ao estabelecimento de espécies invasoras. Um processo que o próprio ICNF tem vindo a, escandalosamente, promover ao longo dos anos, legitimando cortes rasos na Zona Especial de Conservação da Serra da Lousã, apelidando-os de "normal atividade florestal".

Para a conservação efetiva da já muito degradada Rede Natura 2000 em Portugal, são necessárias regulações mais fortes, com um ICNF que aplique bons exemplos de gestão, particularmente num contexto sensível de pós-fogo: restringir a prática de corte raso em áreas classificadas, adotando princípios de silvicultura próxima da natureza, com cortes seletivos acompanhados de replantação e controlo de invasoras, mitigando os fenómenos erosivos e preservando a paisagem e a biodiversidade.


Data: 30-09-2025




Fontes/Links:

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30 de setembro de 2025

58 municípios assinam contratos-programa para mitigar impacto dos fogos




Incêndios: Governo e 58 municípios assinam contratos de 7 ME para mitigar impacto dos fogos


O Governo, através de três agências, assinou hoje contratos-programa com 58 municípios afetados pelos incêndios deste verão, no valor superior a sete milhões de euros (ME).


O Município de Sátão, no distrito de Viseu, foi o anfitrião da cerimónia de assinatura dos contratos-programaTerritórios Resilientes” e apoio às medidas de emergência e mitigação do impacto dos incêndios rurais.


Os contratos-programa foram assinados entre 58 autarquias e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), sob o testemunho da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho.


Estes contratos, esclareceu a presidente da Agência para o Clima (ApC), Ana Teresa Perez, dizem respeito a uma primeira fase, no valor de mais de 7 ME do Fundo Ambiental.


O dinheiro é atribuído no “âmbito das medidas de estabilização de emergência e de restauro ecológico nas áreas afetadas pelos incêndios rurais”, refere o protocolo.


Para já, disse Maria Teresa Perez, “é adiantado já em outubro 50% para a tesouraria” e, depois, em novembro, mediante os relatórios apresentados pelos municípios, serão entregues mais 25% e, o restante no final dos trabalhos feitos”.


Mais tarde, adiantou Maria Teresa Perez, “numa segunda fase, para outros tipos de trabalho, haverá um montante de 11,7 ME para contratualizar” com os municípios.


Hoje, em Sátão, marcaram presença, além da ministra do Ambiente, os presidentes ou representantes de municípios de 12 distritos.


Assim, do distrito de Viseu, assinaram o anfitrião, Sátão, Mangualde, Moimenta da Beira, Penedono, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço e Vila Nova de Paiva.


De Beja o Município de Ferreira do Alentejo é o único contemplado.


De Braga fazem parte dos contratos programa Fafe e Terras de Bouro.


Do distrito de Bragança assinaram Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cima, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Flor.


De Castelo Branco assinaram Castelo Branco, Covilhã, Fundão e Idanha-a-Nova.


Do distrito de Coimbra fazem parte dos contratos-programa os Municípios de Arganil, Góis, Lousã, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra e Penamacor.


Assinaram também Aguiar da Beira, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Guarda, Mêda, Pinhel, Sabugal, Seia, Trancoso e Vila Nova de Foz Coa, do distrito da Guarda.


De Leiria, a Câmara de Pedrógão Grande e do distrito de Portalegre o Município de Castelo de Vide.


Do distrito do Porto, os contratos programa chegaram a Amarante e Penafiel, enquanto de Viana do Castelo são contemplados os municípios de Arcos de Valdevez, Monção, Ponte da Barca e Ponte de Lima.


Finalmente, do distrito de Vila Real: Mondim de Basto, Montalegre, Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real.


Data: 26-09-2025


Fontes/Links:

https://www.agroportal.pt/incendios-governo-e-58-municipios-assinam-contratos-de-7-me-para-mitigar-impacto-dos-fogos/

https://www.portugal.gov.pt/pt/gc25/comunicacao/comunicado?i=assinados-88-contratos-para-recuperar-territorios-atingidos-pelos-incendios

https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.aspx?v=%3d%3dBQAAAB%2bLCAAAAAAABAAzNDG1MAIA3cPC2AUAAAA%3d

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