Serviços
Florestais em Portugal celebraram 200 anos
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) celebrou a 24 julho de 2024, os 200 anos dos Serviços Florestais em Portugal.
A sua história tem início em 24 de julho de 1824, com a criação da então Administração Geral das Matas do Reino.
A floresta é o principal uso do solo no território português (36%, 3 305 000 hectares) e, no seu conjunto, os espaços silvestres (floresta, matos, improdutivos e águas interiores) abrangem cerca de 70% do país, num total de 6 515 600 hectares.
Breve
história dos Serviços Florestais – por João Pinho
A moderna
administração pública florestal e de conservação da natureza tem o seu início
com a criação da Administração Geral das Matas do Reino em 1824,
então no âmbito do Ministério da Marinha.
Após uma
gradual transferência dos serviços da Administração Geral para a Direcção-Geral
do Comércio e Indústria, verifica-se em 1886 uma alteração
significativa dos objetivos de política florestal, que passam a priorizar o
racional aproveitamento dos terrenos estatais, comunitários e privados ainda
incultos, incluindo a sua arborização e beneficiação silvopastoril. Neste
ano, são criados na Direcção-Geral da Agricultura os chamados “Serviços
Florestais”, incumbidos de arborizar dunas móveis do litoral e as serras do
interior (iniciando-se de imediato os trabalhos nas serras da Estrela e do
Gerês).
Com o
advento da República, em 1910, são renovados os pedidos da autonomização em
Portugal de um Ministério da Agricultura, que se concretiza em 1918.
A
Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas é um dos novos organismos
criados, em 1919, possuindo um vasto leque de atribuições, que passavam pela
concretização de programas de arborização em vastas áreas litorais e serranas,
conservação do solo em bacias hidrográficas, proteção dos arvoredos e luta
contra incêndios, gestão e conservação da fauna (incluindo nas águas
interiores), ordenamento silvopastoril, planeamento, investigação florestal,
conservação da natureza, etc.
Simultaneamente,
são criados a Junta Nacional dos Resinosos (1936), a Junta Nacional
da Cortiça (1936) e o Grémio dos Exportadores de Madeiras (1934),
envolvendo o Estado e as corporações dos produtores florestais e dos
industriais e exportadores, que tiveram por missão não só o controlo e
supervisão das fileiras silvo-industriais, mas também a qualidade e afirmação
internacional dos produtos florestais portugueses. Em 1972, são fundidos no
Instituto dos Produtos Florestais, que passou a abarcar igualmente a fileira da
celulose e papel, numa fase já de franca abertura da economia nacional ao comércio
externo.
Nas
décadas de 1960 e de 1970, são criados o Fundo de Fomento
Florestal, responsável por uma intensa atividade de arborização de incultos
e terrenos agrícolas marginais, o Serviço de Inspeção de Caça e Pesca (1967) e
a primeira grande área protegida, o Parque Nacional da Peneda-Gerês (1970).
A
Revolução de 1974 e, sobretudo, a adesão à CEE, ditaram uma profunda
reorganização dos serviços públicos para as florestas e conservação da
natureza.
Em 1975
é autonomizada a área de política do ambiente, com a criação do Serviço
Nacional de Parques, Reserva e Património Paisagístico, o qual, sobretudo
pela necessidade de implementação da Rede Nacional de Áreas Protegidas e
da aplicação no nosso país de um conjunto alargado de tratados internacionais e
políticas comunitárias (com especial referência para a Rede Natura 2000),
adquire um grande dinamismo, estabilidade e relevância a partir das décadas de
1980 e 1990, quando é criado o Instituto de Conservação da Natureza (1993).
Também com
a criação das regiões autónomas dos Açores e da Madeira são regionalizados os
serviços florestais e de conservação da natureza.
Neste
contexto, operou-se a sucessiva fusão dos serviços existentes com a criação da
Direcção-Geral das Florestas na década de 1980.
O novo
milénio, com as épocas de incêndios de 2003 a 2005, determinaram nova
reestruturação dos serviços para as florestas (2004) sem, contudo, ser
assegurada a necessária estabilidade organizacional e dotação de meios,
sucedendo-se os organismos e os seus arranjos internos.
Finalmente,
num contexto de geral e profunda reorganização da administração pública
portuguesa, é em 2011 determinada a criação do Instituto da
Conservação da Natureza e das Florestas, que reúne as autoridades nacionais
de florestas e de conservação da natureza, e uma relevante capacidade técnica e
diversidade de saberes decorrentes de quase dois séculos de atividade dos
serviços antecessores.
ICNF 24.07.2024
Fontes/Links:
https://www.icnf.pt/imprensa/200anosservicosflorestais
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