Na Serra da Lousã temos vindo a confrontar-nos, cada vez mais, com a crescente invasão, Serra acima, das espécies invasoras.
Já corre distante o tempo em que eram as mimosas em flor que ponteavam no cartaz turístico junto à zona das Ermidas e nas áreas circundantes do Castelo...
Daí foi rápido até chegar à EN 236...
Depois, as sementes foram subindo, subindo, ajudadas talvez pelos rodados das viaturas, serra acima, chegando ao Candal, passando o Candal e continuando sempre a ganhar terreno...
Agora, quando continuamos serra acima e deveríamos avistar o Vaqueirinho e o Catarredor, a visibilidade reduz-se ao matagal cerrado das mimosas, que nada mais deixa a vista alcançar...
E pela estra das Hortas foi outro tanto...
nos início dos anos 80, recordo que existiam mimosas em Cacilhas no início da subida para a estrada florestal, mas galgando a primeira curva de gancho a paisagem era de pinhal bravo...
E aqui também elas foram subindo...
e já vão chegando às Hortas, no Casal Novo e no Talasnal já moram ...
Subindo mais, já estão a alcançar o Vaqueirinho, sobretudo após os cortes rasos.
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Confrontando com fontes neste domínio verificamos que, na Serra da Lousã, temos várias espécies de acácias invasoras, que passamos a descrever:
Mimosa (Acacia dealbata): Mede até 15 metros, com folhas perenes e verdes-acinzentadas e flores amarelo-vivas. Presente em todas as regiões de Portugal Continental e na ilha da Madeira.
Corroborando a preocupação relativamente a estas invasoras e alertando para a sua preocupante evolução, no Livro «Áreas Protegidas e Gestão Territorial: O caso da Serra da Lousã» de 2021, Luiz Alves e Paulo Carvalho referem os avanços das invasoras na Serra da Lousã.
(...) Pag. 64
A entrada e difusão no território, talvez no primeiro quartel do século XX, de plantas invasoras, como as acácias (mimosas, austrálias, espigas…) –, a par de outras espécies como, por exemplo, os ailantos (Ailanthus altissima) ou as háqueas-espinhosas (Hakea sericea) –, com o propósito principal de estabilização de taludes, fixação de margens de linhas de água, valorização cénica e/ou criação de condições de ensombramento junto às bermas de estradas ou caminhos rurais/florestais, criou problemas significativos nos ecossistemas (5). As mimosas (Acacia dealbata) representam o maior problema de invasão biológica na Serra da Lousã.
(5) O problema não é exclusivo da Serra da Lousã, pois há registo de ocorrência destas espécies consideradas invasoras em diversas regiões do país: Alto Minho (em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês), Alto Douro, Trás-os-Montes, Dão-Lafões, Serra da Estrela, Oeste, Beira Baixa, Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo, Algarve, entre outras.
Na atualidade, a distribuição geográfica de Acacia dealbata inclui diversos setores de contacto entre a Bacia Sedimentar de Lousã-Arganil e o Maciço Antigo ou integrados neste último, como é o caso de uma área delimitada, de modo genérico, pelas ribeiras de Vilarinho e da Fórnea, a qual, com diferente expressão, inclui de forma parcial a estrada nacional 236 e a estrada das Hortas, ou ainda uma área que acompanha a estrada nacional 342, de forma mais evidente desde a Boavista até à Portela de Góis (onde avança em direção a Góis/Arganil e Pampilhosa da Serra), com incursão para a Comareira e Aigra Nova (onde é visível também a expansão desta espécie invasora no setor setentrional da Lomba do Mouro, entre outros).
(...) Pag. 65
Dois trabalhos recentes de investigação, no contexto de cursos de mestrado em geografia física (ambiente e ordenamento do território) e biodiversidade e biotecnologia vegetal, respetivamente, acrescentam dados relevantes ao conhecimento científico sobre esta problemática na Serra da Lousã. Jorge Costa estudou a evolução da distribuição das espécies Acacia dealbata e Acacia melanoxylon, no período de 1965 a 2011, na bacia do rio Arouce, e concluiu que a ocupação do solo revelou um aumento significativo no último meio século, “passando de 55ha para 936ha, entre 1960 e 2011” (Costa, 2014:vi). Bruna Cordeiro analisou a perceção social sobre biodiversidade e plantas invasoras, utilizando como área de estudo “(…) o percurso pedestre PR1 GOI na Serra da Lousã e dois públicos-alvo: pedestrianistas (que têm um contacto superior com estas duas temáticas ao realizar o percurso) e público em geral” (Cordeiro, 2017:xiii), tendo concluído que “(…) na área de estudo a mimosa ocupa cerca de 8% enquanto espécie dominante (…) sobretudo na proximidade de vias de comunicação, linhas de água e monoculturas florestais” (Cordeiro, 2017:46).
Fontes/Links:
Outros Links:
https://vaqueirinho1999.blogspot.com/p/acacia-prolifera-em-zonas-de-cortes.html
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