O Blog, os cortes rasos e a desflorestação na Serra da Lousã

 

Já vai para 5 anos que iniciamos a publicação deste Blog


Foi em 6 de outubro de 2021, que publicámos as nossas primeiras mensagens ou posts aqui no Blog..


E em novembro do mesmo ano, demos início à divulgação neste Blog de mensagens e posts sobre o processo de abate e corte raso de árvores na serra da Lousã, nas proximidades da Aldeia do Vaqueirinho, e que, nos anos seguintes, se estenderam a outras aldeias da Serra, incluíndo o Talasnal, o Casal Novo, e o Chiqueiro. Mais tarde, haveriam de chegar também às Silveiras.

Ele foi Tomadas de Posição da Câmara Municipal, ele foi queixas às autoridades locais, ao Ministério Público, diligências junto do ICNF, GNR, SEPNA. 

Muito alarido, Partidos à mistura, e, quando a poeira dos cortes rasos, da serradura das motosserras e dos camiões de transporte da madeira cortada assentaram, a montanha pariu um rato.

Em 2024 o Ministério Público disse que no passa nada e mandou arquivar o processo!

Parabéns ao Município pelo resultado alcançado!

 E lá ficámos nós com a estrada da Vergada completamente intransitável, de tão massacrada que foi pelas constantes passagens dos camiões de madeira e dos rodados das máquinas utilizadas.

Agora, brotam livres e sem concorrência, as acácias e os eucaliptos, aproveitando oportunisticamente o espaço livre deixado pelos pinheiros e carvalhos que os madeireiros levaram.

Deixamos alguns exemplos dos posts divulgados aqui 

E deixamos também a transcrição do post de José Silvestre divulgado no Facebook em 22-12-2021 sobre este mesmo tema, e que se nos afigura como fazendo um relato bem circunstanciado do que vai pelo concelho...



Caros amigos, lousanenses,

Durante o ano de 2021 foram realizados numerosos cortes de árvores (corte raso) na serra da Lousã: primeiro nos Baldios de Vilarinho (a sul de Fiscal / Alfocheira), depois junto às aldeias serranas e agora perto de Fiscal. Não questiono a legitimidade legal ou moral destes cortes de árvores (quem investe durante décadas - pelo menos no pagamento de IMI - precisa de ter retorno) mas tenho consciência de que estes cortes rasos abrem caminho às acácias, contribuindo para a descaraterização irreversível da nossa paisagem.

Deixo aqui algumas questões para uma séria reflexão por parte de todos - proprietários florestais, associação de proprietários, autarquias, promotores turísticos e população em geral:

* Os proprietários florestais que efetuam estes cortes rasos têm plena consciência do que irá acontecer nestes terrenos? Com o fim do ensombramento pelos pinheiros, os focos de invasão por acácias já existentes irão expandir-se descontroladamente. É isto que está a acontecer na metade norte da Mata do Sobral após o incêndio de 2017, bem como na área dos Baldios de Vilarinho onde foi realizado um corte semelhante há cerca de um ano.

* Não havia alternativa? Não seria viável fazer primeiro um desbaste cortando apenas 30% ou mesmo 50% ou 70% dos pinheiros (para manter o ensombramento, atrasando a expansão das acácias), plantar novas árvores, deixá-las crescer, e só cortar os pinheiros adultos restantes daqui por uns 10 anos (quando os novos já tivessem dimensão suficiente para fazer sombra às acácias)?

* Houve alguma tentativa de discutir este assunto e obter aconselhamento junto das entidades responsáveis (Gabinete Técnico Florestal ou Aflopinhal ou ICNF)?

* Em sentido inverso, tem havido algum esforço daquelas entidades para sensibilizar e informar os proprietários florestais acerca da importância de não efetuarem cortes rasos, sob pena de terem os seus terrenos irreversivelmente invadidos por acácias e/ou háqueas?

* Qual é a intenção dos proprietários destes terrenos? Querem mesmo substituir o pinhal por uma monocultura de acácias, nascida espontaneamente sem qualquer trabalho de replantação? Ou os proprietários têm a ilusão de que vão conseguir plantar novos pinhais para os seus netos cortarem daqui a 40 anos?

Questões mais gerais para a comunidade lousanense:

* Para que serve investirmos em recuperação de aldeias serranas, turismo local, marca territorial, etc., se ao mesmo tempo deixamos degradar a paisagem que alimenta esse turismo e dá sentido a essa marca territorial?

* Estamos disponíveis para fazer um debate sério sobre o futuro da nossa serra e do nosso concelho em geral?

* Estamos disponíveis para procurar formas de repartição de riqueza que permitam que parte da receita do turismo reverta para os proprietários dos terrenos que constituem a nossa paisagem e alimentam esse turismo?

* Queremos mesmo que a nossa serra se transforme numa monocultura de acácias (ou mais exatamente uma bicultura de Acacia dealbata e Acacia melanoxylon)? É que, para quem ainda não reparou... é esse o rumo que levamos e já ontem era tarde para mudarmos de rumo.

Como lousanense de coração (grandolense de nascença, mas cada vez mais distante dessa terra que agora vende a sua paisagem ao desbarato), coloco-vos estas questões para quem pensem seriamente nelas. Estamos a destruir a pouca riqueza paisagística que nos resta e não creio que tenhamos plena consciência disso e das consequências a longo prazo.


José Silvestre 22-12-2021



Fontes/Links:

https://www.facebook.com/groups/124449764295825/permalink/6712642532143149

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