22 de outubro de 2024

Quase metade do mel no mercado é falsificado

 

A Comissão Europeia anunciou recentemente que quase 50% do mel presente no mercado europeu é fraudulento. Os apicultores europeus consideram estes dados bastante preocupantes e apelam aos decisores políticos que produzam legislação adequada no sentido de regulamentar o mercado do mel.


Por iniciativa da Eslovénia, a Comissão Europeia alterou recentemente a Diretiva Mel, pelo que em breve todo o mel comercializado na União Europeia indicará claramente em que país (ou países) foi produzido. Além disso, a Comissão estabeleceu o objetivo de definir um método harmonizado para a determinação da autenticidade do mel, ao mesmo tempo que serão definidos os laboratórios de referência para essas análises. Este processo deverá estar terminado no prazo de três anos, o que, infelizmente, para os apicultores europeus é demasiado tempo.


De facto, os mais recentes dados, demostram que o mel fraudulento continua presente no mercado. A EPBA – Associação Europeia de Apicultores Profissionais divulgou recentemente os resultados de um estudo por si promovido, onde se concluiu que, na Alemanha, 80% do mel presente no mercado é fraudulento. Suspeita-se que a fraude no mel seja feita com xaropes de origem vegetal (arroz ou milho, por exemplo), num processo altamente sofisticado e recorrendo a tecnologia avançada, que dificulta bastante a sua deteção. O mel fraudulento entra no mercado europeu a um preço baixíssimo, inferior em cerca de 75% do preço do mel pago ao produtor.


O setor apícola não sobreviverá a este tipo de concorrência desleal. Os apicultores europeus estão a perder rendimento ano após ano, e as situações de abandono da atividade são já uma realidade. Não é apenas o setor apícola que está ameaçado, uma vez que muita da produção agrícola europeia depende da polinização feita pelas abelhas melíferas.


Em face deste cenário no mercado do mel, a EBA considera que é chegada a hora dos decisores políticos europeus adotarem medidas rigorosas contra a presença de mel falsificado no mercado europeu, estabelecendo de imediato protocolos de metodologia analítica de deteção de falsificações, estabelecendo quais são laboratórios de referência a nível europeu para a realização destas análises de autenticidade, e garantindo que se adote, em todo o espaço europeu, um sistema de monitorização dos mercados que garanta o controlo e a rastreabilidade do mel importado.


Para a EBA é também evidente que a informação que consumidores detém acerca deste assunto é crucial para que este problema possa ser ultrapassado. E por isso, este apelo é também dirigido aos consumidores de mel europeus: “Prefiram mel e produtos apícolas de origem europeia, de preferência produzidos no próprio país!”


A Associação Europeia de Apicultura EBA apela à união de esforços de todos os apicultores e suas organizações. Infelizmente, não haverá sucesso sem cooperação e atuação conjunta.


A Associação Europeia de Apicultura EBA está aberta à cooperação com todos, o nosso único objetivo é a proteção dos apicultores e dos consumidores!


Boštjan Noč

Presidente da EBA


A EBA – Associação Europeia de Apicultura, foi fundada a 10 de fevereiro de 2024, contando atualmente com 41 organizações associadas representando mais de 350.000 apicultores de 26 países europeus. Os objetivos da EBA são valorizar o mercado do mel e dos produtos apícolas europeus e contribuir para o reconhecimento do papel da apicultura e dos apicultores europeus para a sustentabilidade ambiental. A FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal é associada da EBA em representação dos apicultores portugueses.


Sobre o setor apícola europeu


A produção de mel é considerada um exemplo de “emprego verde” pela União Europeia, na medida em que é uma atividade económica capaz de explorar recursos silvestres, preservando-os e contribuindo de forma positiva para a sua manutenção e renovação. Existem na Europa mais de 20 milhões de colmeias detidas por mais de 700.000 apicultores. A produção europeia de mel atingiu em 2022 as 11.465 Toneladas, sendo o mercado europeu de mel o maior a nível mundial, consumindo 25 % da produção de mel e atingindo um volume de negócios de € 1.800 milhões. O serviço de polinização (agrícola, florestal e ambiental) proporcionado pela apicultura europeia ultrapassa os € 10.000 milhões.


A EBA acredita que está na altura de os decisores políticos europeus adoptarem "medidas rigorosas contra a presença de mel falsificado no mercado europeu", estabelecendo protocolos de detecção de falsificações, escolhendo quais são os "laboratórios de referência para a realização destas análises" e garantindo que se adopte, em todo o espaço europeu, um "sistema de monitorização dos mercados que garanta o controlo e a rastreabilidade do mel importado".


A Federação Nacional dos Apicultores de Portugal uniu-se ao apelo lançado pela EBA que num comunicado traduzido em 15 línguas alerta para os riscos de consumo de mel falsificado e impacto no setor agrícola.


A Federação Nacional dos Apicultores de Portugal aderiu à EBA no passado dia 4 de outubro, conforme confirmado por esta última entidade.


Data: 17-10-2024



Fontes/Links:

https://ebaeurope.eu/beekeeping-cannot-survive/

https://executivedigest.sapo.pt/noticias/quase-metade-do-mel-a-venda-no-mercado-europeu-e-falso-alertam-associacoes/

https://www.publico.pt/2024/10/17/azul/noticia/quase-metade-mel-mercado-europeu-falsificado-alerta-associacao-2108300

https://www.jn.pt/2426136073/quase-metade-do-mel-no-mercado-e-falsificado/

https://ebaeurope.eu/confirmation-of-the-eba-statute-from-portugal-2/

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16 de outubro de 2024

Plante uma Árvore!



A melhor altura para plantar árvores é no início do outono, entre finais de setembro e o início de outubro. As plantas lenhosas caducifólias já perderam a folhagem e não evaporam água. Isto dá-lhes força e tempo suficientes para criarem raízes antes do início do inverno.


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13 de outubro de 2024

Notícias da Vila...




Município da Lousã recebe Contentor Florestal




Destina-se ao depósito de sobrantes resultantes da atividade agrícola, como podas, limpeza de terrenos e manutenção de jardins

publicado a 10 de outubro de 2024


O Concelho da Lousã dispõe de um contentor destinado ao depósito de sobrantes resultantes da atividade agrícola, como podas, limpeza de terrenos e manutenção de jardins.


Este Contentor está instalado no Ecocentro Municipal na Zona Empresarial do Alto Padrão e está disponível ao munícipe, onde poderá depositar os seus resíduos vegetais gratuitamente, no horário de funcionamento deste Ecocentro, de terça a sexta das 09h30-12h30 | 14h00-18h00 e aos sábados das  9h00-12h30 | 14h00-17h30.


A instalação deste contentor florestal insere-se   na Rede intermunicipal de Contentores florestais que integra a Agenda transForm financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e visa desencadear uma transformação estrutural do setor florestal português, intervindo de forma concertada em toda a cadeia de valor.


Com a instalação deste contentor procurar-se-á otimizar a gestão de sobrantes agrícolas e florestais no âmbito da economia circular, através nomeadamente, do aproveitamento energético enquanto solução alternativa de valorização, potenciando a redução, ou até a eliminação da prática de queimas e queimadas, que muitas vezes se transformam em grandes incêndios rurais.



Para mais informações poderá contactar a Câmara Municipal da Lousã, o número verde 800 202 203, bem como o site https://www.cim-regiaodecoimbra.pt/cim-rc/projeto-rede-parques-biomassa-projeto-transform/ , através do qual poderá ter conhecimento da localização dos contentores.


Ou seja, se um cidadão dispõe de um terreno rústico na Aldeia do Vaqueirinho, e tem sobrantes agrícolas e florestais apenas tem de os transportar para o contentor disponível no Ecocentro Municipal na Zona Empresarial do Alto Padrão... a 18 quilómetros de distância! 





Fontes/Links:

https://www.cim-regiaodecoimbra.pt/cim-rc/projeto-rede-parques-biomassa-projeto-transform/

https://cm-lousa.pt/lousa-recebe-contentor-florestal/

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9 de outubro de 2024

Incêndios florestais em Portugal: que futuro?




A 27 de setembro de 2024, a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) divulgou um artigo da autoria de António Bento-Gonçalves,  diretor do Departamento de Geografia da Universidade do Minho, com o título Incêndios florestais em Portugal: que futuro?


Porque é que o país continua a arder ano após ano? O geógrafo António Bento-Gonçalves faz uma radiografia do problema e dá soluções para a prevenção e combate aos fogos florestais em Portugal, que todos os anos parecem ser uma inevitabilidade.


Incêndios florestais - Uma realidade global, com particular expressão em Portugal


Todos os anos são registados cerca de 2 milhões de incêndios florestais em todo o mundo, que queimam aproximadamente 3% da superfície terrestre.


No entanto, a maior percentagem da área queimada é causada por menos de 1% do total dos incêndios. São os chamados grandes (mega, giga, extremos, …) incêndios, que ocorrem frequentemente em condições meteorológicas extremas e apresentam caraterísticas extremas de comportamento do fogo, o que os torna muito intensos, rápidos, destruidores e resistentes à extinção.


As mudanças globais, numa época que vários autores apelidam de Antropoceno, com todas as alterações na população (número, dinâmicas, estrutura, …), bem como o aquecimento induzido pelos gases com efeito de estufa e as alterações no ciclo hidrológico, entre outras, têm contribuído para aumentar a frequência, dimensão e capacidade destruidora dos grandes incêndios florestais.


Portugal não só não é exceção, como tem sido um dos protagonistas desta realidade. Só no século XXI, o país destacou-se, pela negativa, nos anos de 2003, 2005, 2017 e 2024.


Com efeito, o nosso país sempre esteve e sempre estará sujeito a eventos «naturais» extremos, potencialmente causadores de vítimas e de elevados prejuízos (ambientais, económicos e sociais), especialmente no atual contexto de desregulação climática, advertindo o Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território (Lei nº 99/2019 de 5 de setembro) para a necessidade do país ter que «estar mais preparado para eventos extremos, onde os riscos poderão ser acrescidos e onerosos … quer em áreas urbanas quer rurais».


Espaços florestais em Portugal: desordenados e sem gestão


Foi na década de 1960 – quando as arborizações efetuadas no âmbito do Plano de Povoamento Florestal, tinham atingido ou estavam próximas de atingir a idade adulta, quando a Guerra Colonial e a intensa emigração originaram o despovoamento do interior de Portugal, e, com a redução dos recursos humanos e financeiros afetos ao sistema agroflorestal – que houve um profundo desinvestimento nos espaços silvestres acompanhado de um absentismo dos proprietários na gestão dos seus povoamentos florestais. Tudo isto abriu caminho para que as indústrias de celulose, comprando espaços e dinamizando o setor privado da prestação de serviços de arborização, facilmente seduzissem os proprietários privados com uma alternativa de rápida capitalização da terra.


A partir de 1981, no âmbito da criação de diversos fundos e programas, o Projeto Florestal Português/Banco Mundial, promoveu a plantação de eucalipto em larga escala e em ritmo mais intenso. A este seguiram-se diversos programas, com apoio da Comunidade Económica Europeia (CEE), para a arborização, rearborização e reconversão em floresta de terras agrícolas ou matos , que a partir de 1986 foram sendo implementados no nosso país, com destaque para o Programa de Ação Florestal.


Estas circunstâncias  – aliadas às caraterísticas geográficas de Portugal (clima, relevo, solos, …), onde o mundo rural sofreu uma profunda e rápida desestruturação – foram cruciais para o aparecimento de extensas manchas de monoculturas, sem compartimentação e, principalmente, sem ordenamento ou gestão.


Tudo isto, como refere Stephen J. Pine, mostra que «mesmo triplicando o equipamento de combate a incêndios, já não se consegue parar o fogo, porque perdemos o controlo sobre a paisagem».


Os incêndios florestais em Portugal têm solução?


Portugal sempre teve (as evidencias mais antigas têm idade entre os 11 300 e os 11 400 anos a.p.) e sempre terá incêndios florestais. Conscientes disso, muito há a fazer para reduzir o número de ignições e, principalmente, as extensas áreas ardidas e todos os dramas a elas associados.


Antes de mais, tem de se ir à raiz dos múltiplos e variados problemas, evitando as habituais explicações fáceis, como os «incendiários», os «madeireiros», os «pastores», as «mudanças climáticas», que, não devendo ser negligenciados, muitas vezes são uma desculpa para nada ser feito, ou para apenas vislumbramos a «espuma» dos problemas.


Assim, sem sermos minimamente exaustivos, nem tocar em todas as questões, deixamos aqui algumas sugestões:


Prevenção:


Ignições criminosas (aqui entendidas como aquelas que resultam da vontade objetiva de causar um incêndio florestal): realizar uma profunda reflexão sobre a legislação e os recursos disponíveis, para que as autoridades possam melhorar os processos de identificação, não apenas de quem coloca o fogo, mas também, e principalmente, das eventuais «mãos por detrás do arbusto» (quem ordena a queima).

Ignições negligentes: criar e implementar um (verdadeiro) programa nacional de educação para o risco de incêndio florestal, preparado, implementado e monitorizado por especialistas em educação, psicologia, sociologia, geografia, engenharia florestal, … É igualmente imperioso incentivar, promover e reforçar o programa nacional de fogo controlado, para que se possa, efetivamente, suprir as necessidades do mundo rural em termos de renovação de pastos.

Cadastro simplificado: criar novos incentivos que permitam acelerar o processo de cadastro, para que se possa conhecer as propriedades e os proprietários dos «11.515.368 prédios rústicos no país. (valor que consta no relatório do Grupo de trabalho para a propriedade rústica, 2022).

  Heranças indivisas: legislar no sentido de agilizar a resolução dos conflitos dos «3.403.148 prédios rústicos em heranças indivisas».

Gestão florestal: criar mecanismos financeiros para premiar os proprietários que procedam à gestão dos seus povoamentos florestais, premiando, igualmente, os serviços ecossistémicos.

  Competitividade da floresta: criar estratégias e mecanismos financeiros que contrariem a perda de competitividade da floresta em Portugal e potenciem a sua gestão sustentável. Esta gestão tem custos muito elevados, no entanto, justificados pelo elevado risco de incêndio a que estão sujeitas e pela importância social e económica dos bens e serviços fornecidos.

Área de descontinuidade de combustível: criar mecanismos financeiros e condições técnicas para a criação de faixas de descontinuidade de combustível (diferente das pouco eficazes faixas de gestão de combustíveis) e para a compensação financeira dos proprietários dos terrenos afetados.

 Valorização de biomassa: monitorizar e avaliar o real impacte das centrais de valorização de biomassa na redução e gestão dos combustíveis, na erosão dos solos e na ocorrência e propagação dos incêndios.

 Qualificação profissional: criar e oferecer microcredenciações.

Certificação de vendas: promover, juntamente com as Associações de produtores florestais, certificação do material lenhoso vendido.


É preciso criar novos incentivos para acelerar o processo de cadastro simplificado, de forma a conhecer as propriedades e os proprietários dos «11.515.368 prédios rústicos» no país.


Combate

Proceder a uma profunda reflexão, serena e sem demagogias, envolvendo os diferentes atores, que aborde alguns dos temas «tabus», como a profissionalização dos bombeiros, os meios aéreos, a organização da  Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) em sub-regiões, a incorporação do conhecimento nas decisões operacionais, a importância do patamar local na Proteção Civil, a criação de uma escola superior de bombeiros, …


Pós-incêndio

Criar planos municipais pós-incêndios, que permitam implementar muito rapidamente, não só as medidas de reabilitação e de restauro, mas principalmente as medidas de estabilização de emergência, que visam controlar a erosão em áreas percorridas por incêndios. Soluções como, por exemplo, espalhar palha nas áreas ardidas mais declivosas, construir barreiras de troncos (muitas vezes com as próprias árvores queimadas) ou ramos ao longo das curvas de nível ou barragens de retenção nas linhas de água, … . Estas medidas visam, não só proteger as povoações, casas isoladas ou infraestruturas antrópicas que se situam a jusante das áreas ardidas, mas também, reter o solo nas áreas montanhosas.


Com este pequeno texto ficaram muitas áreas por abordar, ou apenas o foram muito superficialmente. No entanto, no atual contexto de mudanças climáticas e num país sem grande cultura de autoproteção, onde, ao contrário da sabedoria popular, se continua a remediar em vez de prevenir, é imprescindível refletir e promover discussões que permitam reduzir as múltiplas e variadas vulnerabilidades da floresta em Portugal.



Fontes/Links:

https://ffms.pt/pt-pt/atualmentes/incendios-florestais-em-portugal-que-futuro

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23 de setembro de 2024

A propósito dos recentes fogos...

 

Na recassa dos recentes incêndios que,segundo os dados mais recentes, consumiram mais de 135.000 hectares, divulgamos aqui excertos de alguns comentários publicados que se nos afiguram de interesse, relativamente ao tema.


👉 O primeiro respeita à perspetiva de um Autarca sobre necessidade de reformar a legislação para obrigar proprietários a limpar terrenos 

(...)

Vários autarcas do país pedem ao Governo que tenha mão firme e avance com uma reforma legislativa que obrigue os proprietários a procederem à obrigatória limpeza dos terrenos, por forma a evitar a célere propagação dos fogos a que se assiste atualmente no país. Há que assegurar que os municípios também não saiam penalizados, alertam.

(...)

A lei é permissiva e permite manobras dilatórias dos proprietários multados por falta de limpeza de terrenos. É também necessário dinamizar a junção de parcelas e reforçar as verbas dos municípios.

(...)

“Reivindicamos uma reforma legislativa que permita que a minha decisão de mandar limpar um terreno ou mandar fazer um realojamento de uma casa ilegal se aplique rapidamente”, reforça José Ribau Esteves. Para que se “saia desta teia burocrática em que o país está envolvido, uma vez que uma boa decisão que o autarca toma leva, muitas vezes, muitos anos até poder ser concretizada”, lamenta.

(...)

Municípios alegam “incapacidade financeira” para gestão de combustíveis nas florestas

Também o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, Emílio Torrão, elenca “a dificuldade de garantir a gestão dos combustíveis em áreas da responsabilidade dos privados, nomeadamente em redor das zonas edificadas, onde muitas vezes não existe cadastro, ou os proprietários privados não têm capacidade económica para executar os trabalhos”.

Uma das maiores preocupações para o líder da CIM da Região de Coimbra é “a incapacidade financeira dos municípios em executar a totalidade da área da gestão de combustíveis, que está sob a sua responsabilidade” devido, designadamente, “à falta de apoio financeiro por parte do Estado, sem que haja abertura de linhas de financiamento que permitam apoiar a implementação das faixas de gestão de combustíveis da rede secundária”.

(...)


👉 O segundo refere-se a um conteúdo divulgado no Facebook, no Grupo Política Florestal em Portugal:


 "Não, não arde tudo igual! O que ardeu há muito tempo foi a vossa vergonha.

É impressionante a tentativa dos capangas/reverentes de uma política florestal assassina e suicida, de ocultar/escamotear/enganar, martelando sem fim que "o problema não é o eucalipto, é a gestão, porque tirando as projecções, nestas condições extremas arde tudo igual," 

Tirando as projecções?

Como se por si só esta característica/variável, já não diferencie a espécie no grau de perigosidade, como se projecções de centenas ou milhares de metros saltando por cima de tudo e originando pequenos focos de incêndio que se tornam grandes, com uma propagação muito mais rápida, não fossem suficientes para pararem de dizer que arde tudo igual. 

E que é normal termos um milhão de hectares desta espécie concentrada na metade litoral ao longo de 300km, quase continuamente.

Relatório da Comissão Técnica Independente dos Fogos de 2017.

“EUCALIPTO (Eucalyptus globulus) NAS MESMAS CONDIÇÕES, PARA ALÉM DA MAIOR INTENSIDADE DOS INCÊNDIOS PELA EXISTÊNCIA DE CONCENTRAÇÕES MUITO SIGNIFICATIVAS DE COMPOSTOS VOLÁTEIS FACILMENTE COMBUSTÍVEIS NAS SUAS FOLHAS, TEM TAMBÉM A CARACTERÍSTICA DE PROJECTAR FOCOS DE INCÊNDIO SECUNDÁRIOS A GRANDES DISTÂNCIAS, EM PARTICULAR POR TER UMA CASCA QUE NOS PERÍODOS DE MAIOR SECA E CALOR SE DESTACA E ENROLA PODENDO ARDER DURANTE LARGOS MINUTOS.”

Neste momento e como sempre, arderam milhares de hectares de eucaliptal com e sem gestão, com e sem faixas de gestão, com e sem mato, de particulares, de associações florestais e da indústria. Porque com projecções destas, falar em gestão e faixas de gestão é uma brincadeira que só gente sem vergonha continua a propagar.

É impressionante a vossa falta de empatia e profundo desprezo pela comunidade, para servir uma indústria assassina de populações e do território.

Políticos no poder nas últimas décadas, parem de fingir que se preocupam com isto. No silêncio dos bastidores dão carta branca a estes assassinos sem pestanejar. São cúmplices de uma política assassina há décadas. Assumam de vez que somos um país do terceiro mundo, com este modelo florestal.

O mesmo país que consegue coercivamente mandar a população cortar mato, árvores autóctones resilientes e fazer faixas de gestão para alimentar um lobi, na esmagadora maioria dos casos, para nada.

Não consegue descontinuar/reduzir/bloquear/gerir esta praga?

Não, não arde tudo igual! O que ardeu há muito tempo foi a vossa vergonha."

Por Daniel Pinheiro 



👉 O terceiro é o alerta de Henrique Pereira dos Santos: Foi só um aviso sério 


“Espero, ardentemente espero” (Jorge de Sena não estava a fazer nenhum trocadilho barato com os fogos quando escreveu este verso, e eu também não, ao citá-lo) que Luís Montenegro não acredite nem um átomo no que disse sobre ignições, crime de incêndio florestal e interesses.

Prefiro o cinismo da resposta política clássica que substitui a falta de política de resposta ao fogo, à crença genuína num erro colossal de interpretação da realidade sobre gestão do fogo.

Para quem queira realmente saber as motivações dos incendiários portugueses, independentemente das ignições desempenharem um papel marginal na definição das políticas de gestão de fogo – existem implicações operacionais no combate quando há muitas ou poucas ignições – o que sugiro, especialmente aos senhores jornalistas que fazem horas e horas de reportagem a ouvir pessoas alteradas e desesperadas pela proximidade de um incêndio, é que leiam o que escreveu Cristina Soeiro e a investigação que existe à volta do assunto.

Se quiserem podem ler tudo o que aqui está sobre o crime de incêndio florestal nesta ligação, mas se não quiserem ler tudo, leiam ao menos o capítulo escrito por Cristina Soeiro.

O essencial, no entanto, não é esta discussão serôdia sobre ignições (comentava recentemente Paulo Fernandes que pensava que era uma discussão que tinha sido resolvida há vinte anos) mas a consciência de que o que se passou recentemente em matéria de fogos foi só um aviso do que está para vir.

Hesitei em escrever este “só”, que pode ser interpretado como uma desvalorização do que se passou, em especial as mortes, mas mantive-o para vincar bem que é “só” um aviso do que está para vir, independentemente de ser um aviso sério com consequências muito negativas para muita gente.

Dentro de cinco a seis anos a acumulação de combustível florestal depois dos incêndios de 2016, 2017 e 2018 estará perto do máximo de risco.

Quando houver uma semana de humidades atmosféricas tão baixas como estas que houve (e que se relacionam fortemente com o número de ignições) e com ventos fortes que não existiram desta vez (que se relacionam com a velocidade de progressão e a intensidade do incêndio), a catástrofe será muito maior se não conseguirmos inverter o caminho de acumulação de combustível em que estamos.


Não vale a pena partir do princípio de que pode ser que isto não aconteça, ou que, acontecendo, o dispositivo de combate que existe consegue dar resposta.

Não vale a pena pensar que se reduzirmos emissões de gases amenizamos o problema, não vale a pena dizer que se a composição do coberto florestal for diferente talvez nos safemos, não vale a pena tentar prender todos os incendiários, não vale a pena povoar o interior com cabeleireiros e empresários dinâmicos de novas tecnologias, não vale a pena discutir a estrutura de propriedade (uma discussão tão velha como a das ignições mas que, até hoje, não produziu um único mapa que consiga relacionar estrutura de propriedade com comportamento do fogo): ou temos gestão, ou não temos gestão.


Se temos gestão, podemos escolher quando arde, onde arde, como arde, se não temos gestão, arde quando calha, o que quer dizer, com a acumulação de materiais finos que temos, que uma semana de secura extrema combinada com vento forte nos leva a dimensões de catástrofe muito maiores que a destes dias.

Seria bom aproveitar o sério aviso para mudar de vida no que a esta matéria diz respeito.



Fontes/Links:

https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/cerca-de-135-mil-hectares-ardidos-entre-domingo-e-sexta-feira

https://eco.sapo.pt/especiais/autarcas-pedem-reforma-da-legislacao-para-obrigar-proprietarios-a-limpar-terrenos/

https://www.facebook.com/share/p/g526WixVjCw3qk9G/?mibextid=K35XfP

https://observador.pt/opiniao/foi-so-um-aviso-serio/

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22 de setembro de 2024

22 de setembro



22 de setembro é o 266.º dia do ano no calendário gregoriano. Faltam 100 dias para acabar o ano. É o dia do equinócio de Outono, quando começa a primavera no hemisfério sul e o outono no hemisfério norte.  


Fontes/Links:

https://www.calendarr.com/portugal/equinocio-de-outono/

https://starwalk.space/pt/news/autumnal-equinox-first-day-of-fall

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18 de setembro de 2024

RISCO DE INCÊNDIO RURAL

 



Mais de 62 mil hectares arderam em Portugal continental desde domingo

Por: Lusa 17-09-2024

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que na região norte e centro, atingida pelos incêndios desde o fim de semana, já arderam 47.376 hectares.


As zonas mais afetadas localizam-se na Região de Aveiro, Tâmega e Sousa e Viseu Dão Lafões, que totalizam 47.376 hectares de área ardida, 75% da área ardida em todo o território nacional.


De acordo com o sistema Copernicus, que recorre a imagens de satélite com resolução espacial a 20 metros e 250 metros, a contabilização do total de área ardida desde domingo chega aos 62.646 hectares.


Na Região de Aveiro, que inclui as zonas entre Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Águeda, o sistema Copernicus contabiliza 19.854 hectares de área ardida desde segunda-feira.


Com 16.872 hectares de área ardida, também desde segunda-feira, Viseu Dão Lafões segue-se entre as zonas mais afetadas, surgindo depois Tâmega e Sousa, onde já arderam 10.650 hectares desde domingo.


Na sub-região do Ave, arderam 6.626 hectares, contabilizando-se ainda 4.005 hectares de área ardida no Alto Tâmega e 3.341 hectares na Área Metropolitana do Porto.


A área ardida em Portugal continental este ano totaliza já, segundo o sistema Copernicus, 83.476 hectares consumidos por 147 incêndios significativos contabilizados pelo sistema europeu de observação da Terra.


Pelo menos sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo a região Norte e Centro do país, como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, distrito de Aveiro, destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas, como a A1, A25 e A13.


As mais recentes vítimas são três bombeiros que morreram hoje num acidente quando se deslocavam para um incêndio em Tábua, distrito de Coimbra.


Hoje, às 15:30, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registava 173 ocorrências, envolvendo mais de 3.800 operacionais, apoiados por 1.049 meios terrestres e 40 meios aéreos.


Desde domingo, as chamas chegaram aos distritos do Porto, em Gondomar; de Braga, em Cabeceiras de Basto; de Vila Real, em Vila Pouca de Aguiar; de Viseu, em Penalva do Castelo e Nelas (com seis feridos) e de Castelo Branco, em Louriçal do Campo. Mas foi o distrito de Aveiro, com 10 mil hectares já ardidos, o centro dos maiores focos de incêndio, em Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda.


O Governo alargou até quinta-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndios, face às previsões meteorológicas, e anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para lidar com as consequências dos fogos dos últimos dias, coordenada pelo ministro-Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, que teve hoje a sua primeira reunião em Aveiro.


Fontes/Links:

https://www.agroportal.pt/mais-de-62-mil-hectares-arderam-em-portugal-continental-desde-domingo/

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16 de setembro de 2024

RISCO DE INCÊNDIO RURAL

 


E as autoridades declararam situação de alerta em todo o território continental



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9 de setembro de 2024

Consulta Pública – Plano Municipal de Ação Climática – PMAC Lousã




O Plano Municipal de Ação Climática foi aprovado pelo executivo e está em consulta pública até ao dia 7 de outubro


publicado a 2 de setembro de 2024


Reconhecendo que as alterações climáticas são um dos maiores desafios atuais, que exigem uma resposta imediata e eficaz, o Município da Lousã procedeu à elaboração do Plano Municipal de Ação Climática da Lousã (PMAC-L), que foi aprovado por unanimidade na reunião de executivo de 5 de agosto.


Neste contexto desafiador, emerge a necessidade da Lousã ter planos que visem aumentar a resiliência e adaptar o território aos crescentes impactes das alterações climáticas. Assim, este documento pretende preparar o Município da Lousã para o futuro, no que às alterações climáticas se refere.


É essencial reconhecer que o PMAC-L não é uma iniciativa isolada, mas resulta dos inputs de diversos Planos Municipais, Intermunicipais, Nacionais, Europeus e Internacionais que são essenciais na compreensão da evolução das previsões do clima para o futuro, dentro dos quais se destaca o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (PIAAC CIM-RC) que visa avaliar as vulnerabilidades atuais e futuras do seu território às alterações climáticas; assim como identificar, definir e priorizar medidas de adaptação específicas que se apliquem aos municípios da CIM-RC.


Recorde-se que o Município tem investido em ações e projetos de promoção da sustentabilidade, destacando, especificamente no âmbito da adaptação às alterações climáticas, o projeto de “Arborização de espaços verdes e criação de ilhas-sombra em espaços desportivos e de lazer” que permitiu a beneficiação de três infraestruturas – o Parque Urbano da Lousã, o Estádio José Pinto de Aguiar e o Complexo Desportivo das Gândaras, nomeadamente através da beneficiação dos sistemas de rega, através da implementação de soluções de recurso a outras origens que não a rede pública de abastecimento de água, instalação de mobiliário urbano e a plantação de 117 árvores e 50 arbustos, tendo sido escolhidas espécies bem-adaptadas às condições edafo-climáticas locais.


O PMAC-L pretende direcionar o Município da Lousã numa abordagem integrada às alterações climáticas, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e resiliente. Importa ainda promover a participação ativa da sociedade civil na definição das ações do PMAC-L e como tal, o referido documento encontra-se em período de consulta pública até ao próximo dia 7 de outubro, estando disponível para consulta no Balcão Único do Munícipe no Edifício Paços do Concelho, durante o horário normal de expediente, e no site do Município da Lousã, em www.cm-lousa.pt.


Pode aceder ao documento em Consulta Pública aqui

São 130 páginas (sem sumário executivo)



Fontes/Links:

https://cm-lousa.pt/lousa-projeta-medidas-mitigacao-climatica/

https://cm-lousa.pt/wp-content/uploads/2024/09/Publica%C3%A7%C3%A3o-DR.pdf

https://cm-lousa.pt/wp-content/uploads/2024/09/PMAC-Lous%C3%A3_vf.pdf

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5 de setembro de 2024

Programa Floresta Comum (2024-2025)

 


Nova “temporada” do programa Floresta Comum


Está aberta a nova fase de candidaturas para a próxima época 2024-2025 em que poderão candidatar-se as autarquias, outras entidades públicas e os órgãos gestores de baldios.


Candidaturas aceites até 30 de setembro


Os nossos viveiros de Amarante, Malcata, Valverde e Monte Gordo contam oferecer mais de 90 mil plântulas de arbusto e árvores por exemplo:


– azevinho (Ilex aquifolium)

– teixo (Taxus baccata), 

– sobreiro (Quercus suber) 

– castanheiro (Castanea sativa), 

– ulmeiro (Ulmus minor)


A iniciativa está aberta a autarquias, entidades públicas , órgãos gestores de baldios

Promotores de projetos:

– florestais, conservação da natureza e recuperação da biodiversidade;

– educativos e de parques florestais urbanos.


Verifique o regulamento e condições:  https://www.florestacomum.org/candidaturas/


Fontes/Links:

https://www.florestacomum.org/

https://www.facebook.com/icnf.oficial/posts/pfbid0M6apH4vhMqGLmNwCmJafRGENywnoSrwSQsZfsrYfqBKeDnzB198Qy1SZe8Rfou9ol

https://www.florestacomum.org/candidaturas/?fbclid=IwY2xjawFGm0VleHRuA2FlbQIxMAABHfl-zhI-f53uQ1rcP1pypCXPD58TT_G4VotUg0bpYXiWJbE7ZB6KSYRNPw_aem_2PKS6Kslum2ONXZ-II5jNA

e ainda:

https://vaqueirinhoampv.blogspot.com/p/projeto-floresta-comum-110-mil-arvores.html

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