Pedrógão Grande: ONGA denunciam reflorestação com eucaliptos em área destinada a medronheiros
05.08.2022
As
organizações Quercus e Acréscimo denunciam a ilegalidade de um projecto das
celuloses em Pedrógão Grande, no qual foram plantados eucaliptos numa área
aprovada para a instalação de medronheiros.
Responsáveis
destas duas organizações não governamentais visitaram no início de Julho um
projecto de rearborização em Pedrógão Grande e depararam-se “com uma situação
de evidente ilegalidade”. “Na parcela aprovada pelo ICNF (Instituto de
Conservação da Natureza e das Florestas), em Setembro de 2020, para a
instalação de medronheiro, foi confirmada a presença de uma plantação de
eucalipto”, escrevem as ONGA em comunicado.
Em causa
está o projecto “ReNascer Pedrógão”, apresentado no início de Junho pela associação
da indústria papeleira (CELPA). Foi apresentado como uma “iniciativa
emblemática no país”, de “gestão florestal exemplar”, baseado num processo
“rigoroso” e com “apoio técnico continuado”. Um “projeto que tem por objetivo a
certificação florestal”, que pretende “contribuir para a reposição dos serviços
do ecossistema”.
Mas,
alertam as ONGA, “a realidade difere do anunciado”.
Na parcela
aprovada pelo ICNF para medronheiro e em núcleos adjacentes, a Quercus e a
Acréscimo “constataram que, na anunciada intervenção na construção e
beneficiação de caminhos e aceiros, tendo em vista uma “maior resiliência aos
incêndios”, os eucaliptos só não se visualizam nas faixas de rodagem. Foram
plantados até aos limites de caminhos e aceiros”.
As ONGA
denunciam ainda os “fortes impactos decorrentes da extrema mobilização dos
solos”. “A mobilização em causa, com a construção de terraços em plena margem
direita do rio Zêzere, gerou um enorme volume de carbono emitido para a
atmosfera, bem como produz um significativo acréscimo do risco de erosão. Esta
injustificável mobilização do solo ocorreu em plena Reserva Ecológica Nacional
(REN) e no enquadramento do Plano de Ordenamento das Albufeiras de Cabril,
Bouçã e Santa Luzia (POAC).”
Para estas
ONGA, “esta insistência no eucalipto revela falta de visão estratégica e
compromete o futuro do território pela maior vulnerabilidade aos incêndios e
pela perda de serviços dos ecossistemas. A aposta em espécies mais resilientes
ao fogo, como é o caso do medronheiro e a de muitas outras plantas da nossa
floresta nativa é essencial para uma resposta estrutural aos problemas que
enfrentamos”.
A Quercus
e a Acréscimo têm visitado regularmente a região de Pedrógão Grande, no
distrito de Leiria, na sequência do grande incêndio de 2017. “Neste território
é patente a inexistência de ações públicas para o prometido reordenamento da
floresta, nomeadamente com espécies autóctones, que a tornem mais resiliente
aos incêndios.”
As direcções das duas ONGA pedem ao ICNF que acione os mecanismos previsto na lei para a reposição da legalidade na parcela prevista para a instalação de medronheiro e que comprove a situação de rearborização com eucalipto na área global de intervenção do projeto demonstrativo. “Importa ter presente que, em 2017, a Lei proíbe a arborização com espécies do género Eucalyptus sp.”
Fonte:
ICNF manda arrancar eucaliptos plantados no lugar de
medronheiros
Eucaliptos plantados nas margens do rio Zêzere numa área para a qual foram aprovados medronheiros
Vistoria confirma irregularidades em Pedrógão Grande,
denunciadas há um mês pelas associações ambientalistas Quercus e Acréscimo
O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas
(ICNF) ordenou a remoção dos eucaliptos plantados “ilegalmente” numa parcela de
terreno em Pedrógão Grande, cujo projecto de rearborização previa medronheiros.
As irregularidades, denunciadas há um mês pelas associações ambientalistas
Quercus e Acréscimo, foram confirmadas por uma vistoria do ICNF.
Fonte:
Maria
Anabela Silva
anabela.silva@jornaldeleiria.pt
Link:
https://jornaldeleiria.pt/noticia/icnf-manda-arrancar-eucaliptos-plantados-no-lugar-de-medronheiros
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